CRESCER INDEFINIDAMENTE
Atualmente
é muito comum, em conversas informais com os mais diversos grupos com quem
mantenho algum tipo de relação, a queixa sobre o corre-corre das suas vidas, ou
melhor nossas vidas.
As pessoas
reclamam da falta de tempo para fazer coisas, da falta de tempo para estar com
os amigos e, até, para comer de forma decente.
O
trânsito, e faço um destaque a Salvador, está enlouquecendo as pessoas que
levam horas tentando se locomover para o trabalho ou para suas casas.
Levamos mais de uma hora num trajeto que poderia ser feito em quinze ou vinte
minutos.
Assim,
quem quer sair para visitar uma pessoa amiga ou para fazer outras coisas que
não sejam obrigatórias? Chegamos em nossas casas exaustos querendo apenas
arrancar nossos sapatos, nossas roupas, tomar um banho e jogar o corpo num sofá
ou na cama. Nada de compromissos!
É evidente
que tem alguma coisa fora da ordem, pelo menos da ordem de ser gente, de ser
pessoa, de ser humano e de ser feliz.
A ordem
que está posta é a do progresso e do desenvolvimento infinito. E, por conta
deles, estamos vivendo infelizes e estressados. O desenvolvimento tem um
limite. A história está ai para nos comprovar que nenhuma grande potência
mundial se sustentou nesse lugar para sempre. Chega a um ponto de poder e
domínio que começa a cair.
Entretanto
continuamos a buscar modelos de sociedade que nos possibilitem mais
desenvolvimento. E o que é mais desenvolvimento afinal? Ah! É telefone que
programa nosso despertar com um comando de voz, ou que busca uma lista de
restaurantes com esse mesmo recurso. Também são carros que podem correr 300
KM/h, para andar em cidades onde não conseguimos passar dos 40KM/h. São
edifícios cada vez mais altos e sofisticados em cidades em que boa parte da
população não tem onde morar. E sei lá quantas outras coisas que
verdadeiramente não acrescentam nada em termos de felicidade.
Queremos
eleger políticos que garantam um alto índice de desenvolvimento, mesmo que isto
os custe o bem estar nosso e de nossos iguais. Não se fala em felicidade!
Não é
possível que achemos bom levarmos essa vida. Precisamos, sim, de uma vida
digna, com acesso a uma alimentação saudável, uma saúde de qualidade, educação
que ensine as crianças que sermos bons, generosos, compassivos e gentis é
que é legal. Uma vida que nos permita trocar dois dedos
de prosa com um vizinho, uma visita aos amigos para tomar um café, recebê-los
nas nossas casas para contar estórias e darmos risadas juntos.
Como disse
uma amiga minha, “esse ritmo foi feito para as máquinas e não para seres
humanos” é por isso que não estamos conseguindo acompanhar os acontecimentos
que nos cercam. É por isso que ainda mal degustamos janeiro já precisamos
engolir outubro.
SOCORRO! Nós não somos
máquinas!