sábado, 29 de outubro de 2011

Meu bairro a pé: Como será que ele é?

Em geral circulo pela cidade, inclusive pelo meu bairro, de carro, mesmo que seja para fazer coisas muito próximas da minha casa. Acredito que esse hábito equivocado é bem comum entre as pessoas que têm carro e com isso terminamos conhecendo pouco o nosso bairro e perdemos a oportunidade de olhar para o nosso entorno com outra lente que é a lente do pedestre.
Como a vida não segue apenas a nossa programação os chamados imprevistos nos levam para outros caminhos que podemos recebê-los com flexibilidade e aproveitar o que se apresenta de novo ou nos enrijecer e paralisar olhando para o que deixou de acontecer, ou para o nosso projeto que foi desviado.
Outro dia fiquei sem carro por conta de um pequeno acidente e aproveitei com minha família para fazer algumas coisas andando pelo bairro e foi uma experiência bem interessante com algumas surpresas positivas e constatações não tão legais.
Circulei por lugares que não passam carros ou que não estão no meu trajeto motorizado. São escadas que ligam e aproximam ruas. Descobrir, por exemplo, um pequeno mercado, de produtos orgânicos, muito legal e bem próximo da minha casa, além de bares e restaurantes.
Percebi que posso aproveitar, nos finais de semana, para andar um pouco e acessar os serviços disponíveis próximos como um passeio e essa foi a parte bacana dessa condição de pedestre. Mas tem uma parte que é muito triste e tem uma ligação direta com outro texto que escrevi “O trânsito nosso de cada dia”.
Parece que estamos caminhando numa floresta perigosa. Quer dizer o parece é só para a floresta, pois o perigosa é bem verdade. É uma “floresta” em que os carros são quase como monstros ameaçadores. Gente, é uma loucura, não conseguimos mensurar o que o pedestre vive nas ruas das grandes cidades.
Os motoristas não só ignoram solenemente os transeuntes como em alguns momentos me dava à impressão que tinham uma intenção de passar por cima deles, ou de nós já que estava nessa condição naquele momento. Se não tivéssemos muita atenção a todo tempo corríamos risco nesse caminho pelas ruas.
Além dessa situação de desrespeito dos motoristas com os pedestres as calçadas estão em péssima condição e ocupadas por lixo, barracas com mesas e cadeiras, lavagem de carros, etc., ou seja, os espaços reservados, ou que deveriam ser reservados para a circulação de pessoas não existem e assim precisamos andar fora das calçadas.
Pra quem as cidades estão construídas? Qual o valor da pessoa nesse processo de urbanização? Seria muito bom se pudéssemos ocupar o lugar dos outros vez por outra para sentir “a dor e a delícia de ser o que é”. Para mim foi uma ótima oportunidade. Já pensaram se nossos gestores públicos circulassem pelas cidades como um simples cidadão? O que será que aconteceria? Não sei, mas gostaria de ver.




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