Aniversário de Carlos Drummond
Hoje Carlos Drummond de Andrade faria 109 anos e o dia 31 de outubro se tornou o dia dele. Por isso faço uma homenagem a esse mineiro, que é um orgulho para todos os brasileiros.
Este poeta maravilhoso incomodou muita gente chegando a ser expulso do colégio jesuita em Nova Friburgo - RJ por "insubordinação mental". Imagine que loucura, acho que muitos "educadores" de hoje gostariam de usar essa justificativa para afastar aqueles alunos que eles, os professores, não dão conta da ebulição mental.
Vai ai esse lindo poema que muita gente conhece musicada por Paulo Diniz.
Aproveitem Drummond.
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
Este poeta maravilhoso incomodou muita gente chegando a ser expulso do colégio jesuita em Nova Friburgo - RJ por "insubordinação mental". Imagine que loucura, acho que muitos "educadores" de hoje gostariam de usar essa justificativa para afastar aqueles alunos que eles, os professores, não dão conta da ebulição mental.
Vai ai esse lindo poema que muita gente conhece musicada por Paulo Diniz.
Aproveitem Drummond.
JOSÉ
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
Carlos Drummond de Andrade
4 Comentários:
débora!
ótimo o blog e a possibilidade da palavra. muito bom!
como agradecimento e pra agregar mais drummond ao teu post, te mostro esse link:
https://www.youtube.com/watch?v=CaexXJ6UFnw&feature=player_embedded
bjs!
Marcelo adoro receber comentários pois eles além de me trazerem novas possibilidades trazem para aqueles que acessem meu blog.
Estou amando este espaço. um grande beijos para vocês
você viu o link que mandei no comentário anterior?
Vi e recomendo a quem tiver acesso ao meu blog. É muito bom. Obrigada pela publicação carinhosa e esse presente.
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