segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Viver simplesmente

Tenho pensado muito sobre a complexidade da minha vida. O corre-corre diário, o estresse, o trânsito, o ritmo acelerado que incorporamos como se natural fosse.
Em meio a estes pensamentos compartilhei com minhas filhas o meu desejo de simplificar a minha vida. Possibilitar, para mim, outro ritmo, pois este está me adoecendo e me afastando das coisas verdadeiramente importantes.
Sara, minha filha mais velha, me disse que o difícil era conseguir sair da roda viva e me lembrou que essa “loucura” era o modelo de sociedade que estamos “submetidos”. O que é a mais pura verdade. Essa sociedade contemporânea cada dia mais acelerada parece que não tem freio. Tenho observado, inclusive, que as pessoas falam com gosto, (ou seria gozo?) das suas vidas super corridas. É chique, é símbolo de status, quase sinônimo de sucesso estar estressado.
As mães se referem a sobre-carga dos seus filhos com um prazer e orgulho que podemos ler nas entrelinhas dessas falas “Vejam como meu filho deu certo!”.
Temos até uma certa vergonha de contar para alguém uma agenda que não tenha compromissos que se atropelam e uma carga horária de trabalho que não se expande para além das usuais. Se é que existe carga horária usual. Parece que estamos nos referindo a uma pessoa que não está bem sucedida na vida, que não deu certo.
Pois quero dizer para vocês que sonho com essa vida simples, sem correria, com horário para um almoço tranquilo com minha família ou com pessoas amigas em alguns momentos. A possibilidade de visitar as pessoas queridas e bater papo sem pressa. Ah! Que vontade que tenho de fazer tudo isto.
Outro dia ao chegar em casa observei que uma vizinha estava fechando carro e que provavelmente iria usar o elevador, assim segurei a porta e perguntei se iria subir, ela veio correndo. Procurando exercitar um pouco da tranqüilidade que quero imprimir para mim disse-lhe – Não precisa correr, eu lhe aguardo. Ela entrou e comentou como a vida está corrida e o quanto isto a aborrece.
Comecei a perceber que essa aceleração está incomodando muita gente. Nós não aguentamos mais esse ritmo imposto por esse modelo de sociedade que nós ajudamos a manter.
Precisamos simplificar a vida! Podemos começar simplificando a nossa vida pessoal, pensarmos com mais cuidado o que necessitamos de verdade e o que é construído como necessidades pelo modelo de consumo que estamos inseridos.
Sei que não é simples! É como se estivéssemos numa roda que gira em velocidade muito alta e tivéssemos que pular fora dela em movimento. Quase impossível, pois a própria velocidade da roda nos mantém colados a ela. Entretanto podemos descobrir que essa roda não passa de uma criação mental e que nunca existiu nem a roda nem a velocidade dela e assim imprimir a velocidade que quisermos a nossa trajetória de vida.
Verdadeiramente o que sei é que esse modelo de vida não está bacana, ele é adoecedor. Quero uma vida de mais paz e amor. Sim aquela utopia dos anos 60, por que não ? Poder brincar mais, rir mais, jogar conversa fora, fazer dos encontros momentos sem pressa.
Não sabemos o nosso prazo de validade. Devíamos viver como se soubéssemos que vamos morrer amanhã, só assim valorizaremos mais a vida de hoje e paramos de achar que precisamos passar pelo hoje apenas como preparativo para viver o amanhã. E não sabemos se ele virá.




2 Comentários:

Anonymous Anônimo disse...

Debinha,
Acredito que este exercício seja possível. Não sei se apenas excluindo tarefas da rotina... creio que podemos começar cuidando da qualidade dos momentos. A respiração no trabalho, tentar fazer uma coisa de cada vez e não se desesperar quando não der para fazer 100% do que 'deveríamos' ter feito no dia. Tentar sair do trabalho totalmente. Sair mesmo. Aproveitar outras coisas e as pessoas que amamos, sem levar o dia 'nas costas'. Ir renovando. E creio que um bom estímulo foi o que escreveu no final: viver hoje sem saber se estaremos aqui amanhã.
bj, Déa.

5 de dezembro de 2011 às 17:41  
Anonymous Denis disse...

Perfeito! Trabalhar 10, 12 às vezes até 14 horas por dia, não nos dá tempo nem de pensar em diminuir o ritmo. Quase não dá tempo de existir outra coisa. Diminuir aos poucos... é bem difícil. Pouquissimas pessoas conseguem abrir espaço na agenda cheia, para alguma coisa como "atividade física" ou "cinema com amiga". Antes do infarto ou coisa pior, é bom cortar. Cortar meio período por exemplo! Que tal?

8 de dezembro de 2011 às 19:12  

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