quinta-feira, 27 de setembro de 2012

CRESCER INDEFINIDAMENTE



Atualmente é muito comum, em conversas informais com os mais diversos grupos com quem mantenho algum tipo de relação, a queixa sobre o corre-corre das suas vidas, ou melhor nossas vidas.

As pessoas reclamam da falta de tempo para fazer coisas, da falta de tempo para estar com os amigos e, até, para comer de forma decente.
O trânsito, e faço um destaque a Salvador, está enlouquecendo as pessoas que levam horas tentando se locomover para o trabalho ou para suas casas. Levamos mais de uma hora num trajeto que poderia ser feito em quinze ou vinte minutos.
Assim, quem quer sair para visitar uma pessoa amiga ou para fazer outras coisas que não sejam obrigatórias? Chegamos em nossas casas exaustos querendo apenas arrancar nossos sapatos, nossas roupas, tomar um banho e jogar o corpo num sofá ou na cama. Nada de compromissos!
É evidente que tem alguma coisa fora da ordem, pelo menos da ordem de ser gente, de ser pessoa, de ser humano e de ser feliz.
A ordem que está posta é a do progresso e do desenvolvimento infinito. E, por conta deles, estamos vivendo infelizes e estressados. O desenvolvimento tem um limite. A história está ai para nos comprovar que nenhuma grande potência mundial se sustentou nesse lugar para sempre. Chega a um ponto de poder e domínio que começa a cair.
Entretanto continuamos a buscar modelos de sociedade que nos possibilitem mais desenvolvimento. E o que é mais desenvolvimento afinal? Ah! É telefone que programa nosso despertar com um comando de voz, ou que busca uma lista de restaurantes com esse mesmo recurso. Também são carros que podem correr 300 KM/h, para andar em cidades onde não conseguimos passar dos 40KM/h. São edifícios cada vez mais altos e sofisticados em cidades em que boa parte da população não tem onde morar. E sei lá quantas outras coisas que verdadeiramente não acrescentam nada em termos de felicidade.
Queremos eleger políticos que garantam um alto índice de desenvolvimento, mesmo que isto os custe o bem estar nosso e de nossos iguais. Não se fala em felicidade!

Não é possível que achemos bom levarmos essa vida. Precisamos, sim, de uma vida digna, com acesso a uma alimentação saudável, uma saúde de qualidade, educação que ensine as crianças que sermos bons, generosos, compassivos e gentis é que  é legal.  Uma vida que nos permita trocar dois dedos de prosa com um vizinho, uma visita aos amigos para tomar um café, recebê-los nas nossas casas para contar estórias e darmos risadas juntos.
Como disse uma amiga minha, “esse ritmo foi feito para as máquinas e não para seres humanos” é por isso que não estamos conseguindo acompanhar os acontecimentos que nos cercam. É por isso que ainda mal degustamos janeiro já precisamos engolir outubro.
SOCORRO! Nós não somos máquinas!




1 Comentários:

Blogger Tania regina Contreiras disse...

Pois é. Por que cresce assustadoramente o número de pessoas com depressão? Porque a depressão chama obrigatoriamente para dentro, nesse mundo de excesso de exterioridades e superficialidades. É um outro Tempo intimando as almas a desacelerarem.
Beijos,

2 de outubro de 2012 às 15:40  

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