sábado, 17 de dezembro de 2011

Eu prometo...

Adoro o Natal! Ele representa para mim um período de festa e confraternização. Certamente uma história familiar me remete a esse período desta forma. Dia 24 de dezembro é aniversário de meu irmão mais novo e por isso esse sempre foi um dia muito festivo na minha casa.
As noites de Natal na minha família eram sempre compartilhadas por muitos amigos de meu irmão e de todos nós transformando essa data numa festa sempre muito divertida.Além disso observo que esta época tem um clima de confraternização que circula e permeia muitos ambientes. Sei que existe um grande apelo de consumo e que este espírito rege a nossa sociedade de forma mais exacerbada nesta época, mas observo que um espírito de amor e bondade permeia tudo isso.
Sei que parece inocência enxergar essa bondade transitando nos corredores dos shoppings enquanto as pessoas se atropelam nas compras apressadas de fim de ano. Entretanto, sinto como se a bondade inerente ao ser humano quisesse aproveitar essa festa para se firmar a despeito de todo o resto.
E é nesse clima, que mistura compras, gastos com coisas desnecessárias e desejos de sermos melhores, de sermos mais gentis e generosos com os outros que fazemos nossas promessas.
Prometemos sempre algo que nos permita sermos mais felizes e, em geral, essas são promessas de dias e atitudes melhores. Dificilmente vemos alguém prometer ser mais egoísta ou cruel com as pessoas.
Estive pensando sobre minhas promessas para o próximo ano, inspirada no blog de minha amiga Denis Rivera, divinas cureis.
Eu prometo ser uma pessoa melhor! É isso ai, não quero menos para mim no próximo ano. E o que é mesmo ser uma pessoa melhor? Para mim é ser mais cuidadosa com o outro. Com os diversos outros que tocam a minha vida de alguma forma. Aqueles que me são simpáticos e agradáveis e aqueles que nem tanto.
Olhar de forma equânime para as pessoas essa pode ser a primeira ação do meu projeto de ser melhor. Se olharmos para trás e pensarmos sobre nossas atitudes percebemos que sempre que agimos gerando sofrimento ao outro deixamos em nós mesmos uma semente de sofrimento também.
Depois do tempo passado e a cabeça fria percebemos que poderíamos ser melhores. Nós sempre podemos ser melhores! Não precisamos reagir no mesmo tom descortês, estúpido, egoísta e grosseiro do outro. Podemos parar e deixar que aquela emoção que nos perturba passe por nós como um vento que não é capaz de nada além de nos assanhar os cabelos.
Vivi outro dia uma experiência muito interessante que me fez refletir sobre essa possibilidade de ser melhor do que aquilo que meu instinto me faz ser.
Tenho uma vizinha que conseguiu criar problema com todas as pessoas da minha casa,com a pessoa que trabalhava comigo, com minhas filhas, com meu marido e comigo. As causas das irritações dela eram as mais variadas e ficamos todos loucos com esta situação. Ela por sua vez se colocava mais e mais agressivas e nós mais e mais reativos a ela.
É óbvio que essa é uma equação que não nos leva a boas atitudes. Construímos as piores imagens uns dos outros e agimos pautados nessa imagem. Cada vez que abria minha porta imaginava a possibilidade de encontrá-la, pois sempre que isto acontecia aflorava em mim sentimentos muito negativos e certamente nela também.
Neste processo “natural” de indisposição mútua qual seria a nossa chance de mudar o curso dessa convivência? Nenhuma! Esta é a forma mais eficiente que temos de gerarmos conflitos. Cada um de nós, achando-se cobertos de razão, reunimos o nosso arsenal de grosserias para jogarmos no outro que por sua vez...Todos nós sabemos onde isto vai terminar.
Um dia, depois do chá de bebê da minha filha, resolvi, por sugestão de meu marido, levar um pedaço de bolo para essa minha vizinha. Cortei um pedaço generoso daquele bolo confeitado e bati a sua porta. Ela perguntou quem era e eu respondi meu nome e o número do meu apartamento, para ser identificada, pois acredito que apesar de todo esse desentendimento ela nem mesmo sabia meu nome.
Ela abriu a porta e antes que pudesse formular qualquer pensamento eu lhe entreguei o prato e disse-lhe que era do chá da minha filha. Ela me abraçou, pediu desculpas, agradeceu, abriu um sorriso e mostrou o que tinha de melhor. Falou rapidamente da sua vida colocou-se disponível para o que precisássemos e naquele momento o clima de conflito se desfez completamente.
Para mim ficou muito claro que sempre podemos ser melhores do que somos. Que não precisamos dar o troco ao outro no mesmo padrão do que recebemos. Se conseguirmos responder com bondade e gentileza, mesmo aqueles mais estúpidos e grosseiros, quebramos a trajetória do conflito e abrimos a possibilidade de deixar aflorar o que temos de melhor, possibilitando ao outro também mostrar o que tem de bom.
Todos nós queremos ser felizes e isto nos iguala.




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