terça-feira, 2 de outubro de 2012

RISOTO DE MÃE PARA FILHA


Em tempos de relações tão frágeis, como as que estamos vivendo na atualidade, conforme bem analisa Zygmunt Bauman em seu livro Amor Líquido, penso que necessitamos buscar formas de potencializar as nossas relações afetivas e reconhecer a importância de estabelecê-las de forma mais leve e divertida.
Descobrir a cozinha e cozinhar como um delicioso espaço para essa alquimia, não só dos alimentos, mas também das relações familiares. Tinha, na minha adolescência e juventude, a concepção de que cozinhar era uma atividade de manutenção da mulher no trabalho doméstico. O que não é de todo uma percepção equivocada.
Hoje, na minha vida adulta,descobri que cozinha pode ser muito divertido e uma ótima forma de aproximar a família.  Descobri-me com talento e gosto pela culinária! Adoro dia de domingo, abrir um bom vinho ou uma cerveja bem gelada para os dias quentes de Salvador e preparar uma receita com a participação do marido, das filhas e enteadas, e agora com a participação especial de Maria, a querida neta. Experimentamos novos pratos ou repetimos aqueles de que gostamos muito. Os risotos são nossos preferidos!
Com isso, apresentei para as minhas filhas essa forma lúdica e afetiva de preparar os alimentos. Elas, por sua vez, vêm curtindo esse hábito, cada uma com sua especialidade. Ampliaram para os amigos, que se reunem na minha cozinha uma vez por mês, para preparar um jantar temático. Ouvem música e conversam, enquanto se experimentam na arte de cozinhar e de alimentar as relações afetivas.
Essa é uma forma de resgatar práticas dos nossos ancestrais, resgatar o hábito das relações das famílias no interior que freqüentam as cozinhas das comadres, como se ali fosse a sala de visitas.
Neste domingo, Mariana, minha filha mais nova, fez este delicioso risoto, com a minha orientação, e ficou uma delícia! Vai aí a receita e vale experimentar e reinventá-lo ao seu gosto. E mais que tudo, um convite ao estreitamente das relações.
Risoto de alho poró com cogumelo
500g de arroz arbóreo (tem umas marcas que já vem o kg separado em dois pacotinhos de meio kg)
Uma cebola grande picada
Azeite de oliva (é sempre bom utilizar um bom azeite extra virgem)
Vinho branco seco
Caldo de legume (o ideal é que faça seu próprio caldo)
Um maço de alho poró cortado em fatias finas apenas a parte branca
Cogumelos Paris frescos (a quantidade depende do seu gosto)
Um maço de nirá
Três limões
Como preparar:
Use um bom vinho branco pois além de utilizar na receita você já pode degustar; portanto abra o vinho para entrar no clima.
O caldo de legumes já deve estar pronto e mantido aquecido em fogo baixo;
Refogue a cebola no azeite até ficar transparente;
Acrescente o alho poró e refogue um pouco mais;
Coloque o arroz até ficar transparente, mexendo sempre. O risoto é um prato que exige dedicação exclusiva, pois você tem que mexer o tempo todo.
Depois que estiver transparente, coloque meio copo do vinho, (se não tiver tomado todo até este ponto).
Continue mexendo com uma colher de pau, até secar o vinho e comece a acrescentar o caldo com uma concha, aos poucos. À medida em que vai secando, acrescente mais.
Experimente para saber o ponto do arroz, ele dever ser al dente.
À parte, refogue rapidamente o cogumelo cortado em fatias e o nirá cortado em pedaços grandes.
Acrescente ao arroz e continue mexendo.
Quando estiver no ponto, coloque a raspa de dois limões, com cuidado para não ralar a parte branca pois fica amargo.
E finalmente acrescente o suco de dois limões.
Experimente o sal, lembrando que o caldo já é salgado, e decore ao seu gosto. O visual é importante na alimentação.
Foto: Sara Cohim

Sirva assim que sair do fogo, com queijo parmesão ralado e um bom azeite de oliva e bom apetite.




2 Comentários:

Blogger Sandra Cristina de Carvalho disse...


Cozinhar é uma arte que nem todos conseguem dominar. Mas o baiano tende a cozinhar de forma muito intuitiva, misturando ervas e temperos, sem o conhecimento gastronômico do significado de cada coisa. E o mais incrível é, que nessa terra de magia, as iguarias também seguem por esse trajeto mágico. Mistura-se todos os temperos, não sabem-se ao certo qual a finalidade de cada um deles e no final, a comida é excelente. Foi assim com a minha avó, é assim com a minha mãe, que nos passou também essa mistura santa. A feijoada dos domingos é perfeita. Culinária: arte ou intuição?
Amei o seu blog e os seus textos. Muita Luz nos seus caminhos.

25 de julho de 2014 às 23:26  
Blogger Sandra Cristina de Carvalho disse...


Débora, como faço para seguir o seu blog? Não há essa função.
Obrigada.

25 de julho de 2014 às 23:56  

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