terça-feira, 18 de setembro de 2012

GANHAR SEMPRE – UMA GRANDE CILADA


Hoje lendo um texto que recebi de meu irmão “A obsessão pelo melhor” de Leila Ferreira, uma jornalista mineira com mestrado em Letras e doutorado em comunicação em Londres, que optou por viver uma vida mais simples em Belo Horizonte, me senti muito afinada com as reflexões feitas por ela e logo me conectei com essa idéia, que vem me perseguindo, da liberdade que é não precisar ganhar sempre e resolvi escrever essas reflexões e compartilhar com vocês.
Discutíamos no meu trabalho sobre essa necessidade de ter cada vez mais coisas que nos são apresentadas como o melhor naquele momento, sendo que esse momento é cada vez mais fluido. Assim esse melhor muda de forma acelerada e constante criando desta forma devoradores de novas e “melhores” coisas.
É muito obvio que estamos alimentando um modelo de sociedade de consumo incessante e avassaladora. Dentro desse modelo nada, além da própria capacidade de consumir, é importante, nem mesmo o bem estar e a felicidade das pessoas. É criada uma falsa idéia de que ao consumirmos seremos felizes, mas a batalha para entrar nesse mundo de devoradores de bens, para a maioria da população do mundo, é tão inglória que só nos gera angustia de sofrimento por nunca alcançarmos o patamar desejado.
Por outro lado esse patamar é ilusório, como que guiados por feiticeiros, corremos atrás de algo que sempre que alcançamos se dissolve em nossas mãos e uma nova meta nos é apresentada. Portanto também para aqueles poucos que têm acesso a um grande consumo essa felicidade é fugidia e inacessível.
Uma das lógicas desse modelo é a idéia de que não podemos perder, pois desta forma estaremos deixando de galgar posições nessa corrida. Assim levamos essa lógica para todos os âmbitos das nossas vidas e ai tudo vira uma grande competição. Deixar um carro passar na nossa frente quando estamos nos trânsito, ou mesmo diminuir a velocidade para alguém atravesse a rua. Os nossos debates já não têm como objetivo encontrar a melhor resposta para um problema, a melhor solução para as questões postas e sim uma guerra de quem tem o discurso mais assertivo e contundente e que desta forma vencerá todos os demais, e frequentemente com uma boa dose de agressividade e violência, mesmo quando estamos tentando buscar soluções que promovam a paz.
Quando conseguimos entender que não precisamos ganhar sempre, que perder para alguém que sabe mais ou que apresenta melhor solução nos libertamos de forma deliciosamente relaxante de uma prisão que normalmente não percebemos que estamos.
Tentemos nos colocar como alguém que não precisa ser o melhor em todos os lugares, que não precisa ganhar todas as discussões e vejamos que ganhar sempre pode ser uma grande cilada.





1 Comentários:

Blogger Tania regina Contreiras disse...

Debinha (ainda te chamam assim? :-) É como me lembro que chamávamos na infância), oportuníssimo o seu texto.Essa reflexão poderia ser estendida a vários âmbitos, incluindo o educacional, onde a competição é cada vez mais estimulada e também onde podemos, com sensibilidade, observar a relatividade desses conceitos: ganhar, perder. "Passar de ano" é "ganhar". Aprender, ser independente e saber ser original fica em segundo plano; "Ser reprovado" é "perder", quando na verdade a reprovação pode vir, e vem, muitas vezes em função do desajuste com o sistema, vem em função de a alma dizer não a esse mesmo sistema que tem a pretenção de verder felicidade.

Estamos em época de relativismos. Tudo é muito relativo. E perder é, tantas vezes, ganhar!

Beijo,

18 de setembro de 2012 às 18:20  

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