sábado, 6 de outubro de 2012

Brasil no topo do consumo de agrotóxico





Lamentavelmente o Dossiê da ABRASCO – Associação Brasileira de Saúde Coletiva – Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde, nos aponta para uma grave situação que este modelo de desenvolvimento está nos impondo. Nos últimos três anos o Brasil está ocupando o primeiro, sim PRIMEIRO lugar no consumo de agrotóxico. Esse dossiê propõe fazer um alerta à sociedade e ao Estado Brasileiro dos graves impactos sobre a saúde da população brasileira com esse crescimento ascendente de uso de agrotóxico no nosso país, assim como da contaminação do ambiente.

Esse documento produzido por especialistas da área chama a nossa atenção para o fato de que esse descaso com a saúde pública é resultante de uma escolha por um modelo de desenvolvimento que prioriza a produção de bens primários para exportação. Ou seja, mais uma vez, em mais uma área das nossas vidas evidencia-se que o bem estar das pessoas é irrelevante para as definições de políticas públicas e os modelos escolhidos para o desenvolvimento das nossas cidades.

A necessidade de mudar essa perspectiva de desenvolvimento a qualquer custo, inclusive da própria saúde física e mental do ser humana, para quem essa política deveria ser direcionada, urge.

Os responsáveis por essas decisões, equivocadamente, acreditam que o ganho financeiro que esse modelo proporciona para alguns poucos, sendo que eles fazem parte dessa pequena parcela, representa um ganho positivo. Porém estão colocando em risco, suas próprias vidas e das suas pessoas mais próximas.

Evidentemente que nós todos somos responsáveis por essa situação quando apoiamos as suas implementações, seja através das nossas ações ou das omissões diante das mesmas.

Agimos como se estivéssemos hipnotizados por falsas promessas de uma felicidade pueril que o dinheiro, por si só, nos pudesse oferecer. O que será que faríamos se alguém nos oferecesse um copo de água e soubéssemos que ali foram colocadas algumas gotas de veneno? Certamente não tomaríamos. E por que continuamos acreditado que a bruxa de estória de Branca de Neve está nos oferecendo uma linda e saudável maçã? Como crianças inocentes, brincamos com coisas perigosas, atraídos pelas suas cores fortes e chamativas.

Assim procedemos com o modelo de educação que está posto para nossos filhos e netos, com os valores que são propagados pelos veículos de comunicação, pelo modelo de trânsito que transforma nossas vidas nesses verdadeiros infernos de engarrafamentos. Achamos normal ficarmos estressados pela exigência de dar conta de um ritmo de vida enlouquecedor.

Até quando seremos levados para o matadouro passivamente. E vejam que não proponho que busquemos mudanças a partir de atos violentos, podemos ter uma postura ativa e pacífica, Gandi é um bom exemplo disso. É interessante observarmos como pode parecer um monte de bobagem falar sobre isso. Como pode parecer fora de moda ou sem grande importância falar de viver bem e feliz. Questionar o “progresso” é inapropriado para as pessoas que desejam ser incluídas no mundo do trabalho, numa situação de sucesso, etc.

Espero que todos os nosso bebês possam segurar cartazes que digam “ Quero leite sem agrotóxico”.




terça-feira, 2 de outubro de 2012

RISOTO DE MÃE PARA FILHA


Em tempos de relações tão frágeis, como as que estamos vivendo na atualidade, conforme bem analisa Zygmunt Bauman em seu livro Amor Líquido, penso que necessitamos buscar formas de potencializar as nossas relações afetivas e reconhecer a importância de estabelecê-las de forma mais leve e divertida.
Descobrir a cozinha e cozinhar como um delicioso espaço para essa alquimia, não só dos alimentos, mas também das relações familiares. Tinha, na minha adolescência e juventude, a concepção de que cozinhar era uma atividade de manutenção da mulher no trabalho doméstico. O que não é de todo uma percepção equivocada.
Hoje, na minha vida adulta,descobri que cozinha pode ser muito divertido e uma ótima forma de aproximar a família.  Descobri-me com talento e gosto pela culinária! Adoro dia de domingo, abrir um bom vinho ou uma cerveja bem gelada para os dias quentes de Salvador e preparar uma receita com a participação do marido, das filhas e enteadas, e agora com a participação especial de Maria, a querida neta. Experimentamos novos pratos ou repetimos aqueles de que gostamos muito. Os risotos são nossos preferidos!
Com isso, apresentei para as minhas filhas essa forma lúdica e afetiva de preparar os alimentos. Elas, por sua vez, vêm curtindo esse hábito, cada uma com sua especialidade. Ampliaram para os amigos, que se reunem na minha cozinha uma vez por mês, para preparar um jantar temático. Ouvem música e conversam, enquanto se experimentam na arte de cozinhar e de alimentar as relações afetivas.
Essa é uma forma de resgatar práticas dos nossos ancestrais, resgatar o hábito das relações das famílias no interior que freqüentam as cozinhas das comadres, como se ali fosse a sala de visitas.
Neste domingo, Mariana, minha filha mais nova, fez este delicioso risoto, com a minha orientação, e ficou uma delícia! Vai aí a receita e vale experimentar e reinventá-lo ao seu gosto. E mais que tudo, um convite ao estreitamente das relações.
Risoto de alho poró com cogumelo
500g de arroz arbóreo (tem umas marcas que já vem o kg separado em dois pacotinhos de meio kg)
Uma cebola grande picada
Azeite de oliva (é sempre bom utilizar um bom azeite extra virgem)
Vinho branco seco
Caldo de legume (o ideal é que faça seu próprio caldo)
Um maço de alho poró cortado em fatias finas apenas a parte branca
Cogumelos Paris frescos (a quantidade depende do seu gosto)
Um maço de nirá
Três limões
Como preparar:
Use um bom vinho branco pois além de utilizar na receita você já pode degustar; portanto abra o vinho para entrar no clima.
O caldo de legumes já deve estar pronto e mantido aquecido em fogo baixo;
Refogue a cebola no azeite até ficar transparente;
Acrescente o alho poró e refogue um pouco mais;
Coloque o arroz até ficar transparente, mexendo sempre. O risoto é um prato que exige dedicação exclusiva, pois você tem que mexer o tempo todo.
Depois que estiver transparente, coloque meio copo do vinho, (se não tiver tomado todo até este ponto).
Continue mexendo com uma colher de pau, até secar o vinho e comece a acrescentar o caldo com uma concha, aos poucos. À medida em que vai secando, acrescente mais.
Experimente para saber o ponto do arroz, ele dever ser al dente.
À parte, refogue rapidamente o cogumelo cortado em fatias e o nirá cortado em pedaços grandes.
Acrescente ao arroz e continue mexendo.
Quando estiver no ponto, coloque a raspa de dois limões, com cuidado para não ralar a parte branca pois fica amargo.
E finalmente acrescente o suco de dois limões.
Experimente o sal, lembrando que o caldo já é salgado, e decore ao seu gosto. O visual é importante na alimentação.
Foto: Sara Cohim

Sirva assim que sair do fogo, com queijo parmesão ralado e um bom azeite de oliva e bom apetite.